Neoenergia: Rumo ao tédio

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A Neoenergia é uma posição mantida no fundo Versa Genesis há aproximadamente três anos. Durante esse período, acompanhamos a empresa sair de um cenário de alta alavancagem e grandes compromissos de investimento, evoluindo para uma companhia que, em nossa visão, deverá apresentar resultados positivos, geração de caixa e aumento de dividendos nos próximos anos.

A Neoenergia realizou seu IPO em 2019, buscando conciliar os interesses de seus dois maiores acionistas: a espanhola Iberdrola, uma empresa de energia com negócios na Espanha, Reino Unido e Estados Unidos, e a PREVI, fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil. Embora a Iberdrola seja a controladora, a PREVI possui três membros no conselho e exerce grande influência na escolha dos membros independentes.

Após o IPO, a Neoenergia adotou uma postura mais agressiva nos leilões de transmissão e assumiu altos compromissos de investimento para os anos de 2020 a 2024, o que resultou em uma alavancagem próxima a 4x dívida líquida / EBITDA. Isso gerou especulações sobre a necessidade de aumento de capital ou venda de ativos em um momento desfavorável de mercado.

Entretanto, após o acordo firmado em 2023 com o GIC (Government of Singapore Investment Corporation), a Neoenergia passou a ter a opção de vender metade da participação de seus ativos de transmissão operacionais para o GIC, no valuation pré-estabelecido na transação inicial ocorrida entre ambos em 2023. O acordo também permite também que Neoenergia e o GIC participem juntos de futuros leilões de transmissão. Neste ano esperamos que Neoenergia venda para o GIC uma parte dos ativos de transmissão que se tornaram operacionais este ano, o que vai acelerar a redução da alavancagem da empresa. Isso possibilitaria o pagamento de dividendos maiores já em 2025, referentes ao ano de 2024.

Durante o ano a Iberdrola, controladora da Neoenergia, realizou aquisições de ativos nos Estados Unidos e no Reino Unido no valor de US$ 2,5 bilhões e £ 1,7 bilhões, respectivamente, e desinvestiu em ativos no México. Embora não acreditemos que a Iberdrola tenha a intenção de vender seus ativos no Brasil, nos parece que o foco da empresa no país será mais voltado para rentabilizar os ativos existentes de forma a mitigar o risco de moedas emergentes no seu balanço.

A transferência de parte dos ativos de transmissão junto com o aumento dos dividendos vai na direção de mostrar que as operações no Brasil são altamente rentáveis e possuem capacidade de pagamento de dividendos, ajudando o grupo Iberdrola a pagar pelas aquisições recentes e sustentar seu rating de crédito. Para PREVI que possui um plano de previdência com boa parte dos beneficiários aposentados e, portanto, tem alta necessidade de desembolsos o aumento do dividendo também é positivo. 

As ações da Neoenergia se encontram próximas do preço do IPO principalmente devido às incertezas sobre como e quando o caixa gerado pelas operações de distribuição seria retornado aos acionistas, já que como ressaltamos a empresa participou e venceu diversos leilões de transmissão com altos compromissos de investimento. Com a redução dos investimentos e a parceria estratégica com o GIC para os leilões, a visibilidade sobre o retorno do caixa deve aumentar, o que deve levar à valorização das ações. Outro fato que melhoraria a percepção dos investidores sobre as ações seria a substituição dos membros independentes do conselho por nomes escolhidos pelos acionistas minoritários, tornando assim os conselheiros realmente desvinculados dos acionistas de referência, Iberdrola e PREVI. 

Quando este mesmo movimento de diminuição do risco ocorreu em empresas semelhantes como Copel e Cemig entre os anos de 2017 e 2019 os preços das ações de ambas as empresas mais que dobraram ajustando por dividendos. Existem vários outros fatores que podem ser usados para justificar os movimentos das ações, mas na nossa opinião, o maior fator de contribuição no caso dessas empresas foi a redução da alavancagem de forma consistente.

A Neonergia é uma posição de 25% no fundo Versa Genesis.