Resultado Mensal (Agosto/20): Versa -1,9%; Fit -0,8%; Charger +1,2%; Tracker -6,0%

0
2990

Depois de dois meses consecutivos superando seu par americano (S&P 500), o Ibovespa perdeu força no mês de agosto, caindo -2,8% enquanto o principal índice de ações dos EUA subiu +7.0%. Foi o quinto mês seguido de alta para o S&P 500. Em meados de agosto, o índice superou sua máxima histórica pré-covid. O mais amplo Russell 2000 Index, que engloba um número maior de empresas e é mais diversificado que o S&P 500, também mostrou uma boa recuperação nos últimos meses (+59% desde meados de março, -7% em relação à máxima pré-covid), reflexo de um tema recorrente em nossas cartas nos últimos meses: a ideia de que a saída da “crise” do coronavírus será rápida, apoiada por uma solução para a pandemia da saúde (vacina) e pelo maior impulso fiscal e monetário da história.

Aqui no Brasil a bolsa reagiu negativamente à ruídos políticos ligados ao quadro fiscal do país, após atritos dentro do governo com relação à manutenção do chamado teto dos gastos e em resposta à votação no Senado Federal que teria aberto espaço para aumentos nos gastos com o funcionalismo público se não fosse depois barrada na Câmara dos deputados. Agora no início de setembro a confiança na agenda liberal do governo voltou, tanto do lado do executivo (Paulo Guedes fica) quanto do congresso. A Câmara não só reestabeleceu o veto do Presidente ao aumento de gastos com funcionalismo, como também aprovou a Lei do Gás, projeto do governo que busca o barateamento do custo de energia no Brasil via privatização da infraestrutura de gás que abastece o país. O presidente da câmara Rodrigo Maia citou recentemente que está confiante com a possibilidade de votar tanto a reforma tributária quanto a reforma administrativa ainda esse ano. A trancos e barrancos voltamos ao cenário favorável de recuperação ciclica pós-covid, amparado por farta liquidez e seguimento das reformas estruturais necessárias para garantir sustentabilidade dos gastos públicos no futuro. O dólar fechou o mês com alta de 5% e segue alto perante os fundamentos da moeda, como bem explicado pelo nosso economista chefe Tarik Migliorini na última edição do nosso Semanal Macro.

Com excessão do nosso long-only Charger, os fundos da casa devolveram parte dos ganhos dos últimos meses, impactados pelo ambiente fraco para o Ibovespa e a alta do dólar, citados acima. O Versa caiu -1,9%, o Fit caiu -0,8% e o Tracker caiu -6,0%. O Charger subiu +1,2% no mês, ajudado por sua menor exposição ao setor bancário quando comparado ao Ibovespa e aos fundos multimercados da casa (esses utilizam opções que os dão maior exposição aos bancos Itaú e Bradesco).

Resultado Fundos

Estratégia Versa LB FIM e Fit LB FIM

Estratégia Charger FIA

Estratégia Tracker FIM

Destaques Positivos

O primeiro destaque de agosto é General Motors, investimento que fizemos em março, aproveitando o grande desconto das ações para nos posicionar para surfar o avanço da Cia no segmento de veículos elétricos e autônomos. A empresa apresentou em agosto o seu primeiro veículo elétrico no segmento de luxo, reforçando seu compromisso com um all electric future e demonstrando seu potencial como protagonista na disrupção tecnológica do setor de transporte. As ações subiram +19% no mês. Mais informações sobre nosso investimento na General Motors aqui.

No Brasil, a carteira comprada foi beneficiada por ações ligadas à atividade doméstica, seguindo o rito dos últimos meses. A Via Varejo foi ajudada por um ótimo resultado no 2o trimestre, considerando as circunstancias. As vendas no e-commerce da Via Varejo subiram +280% a/a no trimestre e a Cia reportou aumento da margem de lucro operacional no período.

A queda do Ibovespa no período trouxe um ganho de +0.9% ao Versa (0.7% ao Fit), dado a posição vendida a descoberto em BOVA11 usada para financiar parte da carteira comprada dos fundos multimercados da casa.

Maiores ganhos de agosto

Destaques Negativos

As principais perdas do mês vieram das posições nos bancos Itaú e Bradesco, ações que testaram uma recuperação em julho mas voltaram a cair em agosto. Seguimos perplexos com a fraqueza dos bancos nesse período de recuperação da bolsa. O setor se viu mais preparado financeiramente na crise do coronavírus quando comparado a crises passadas, mas ainda há incerteza sobre quão grande será a inadimplência de carteira na saída dessa crise. Acreditamos que o provisionamento para perdas feito nos últimos trimestres já reflete adequadamente os riscos ligados à pandemia, criando espaço para surpresas positivas no futuro no que se refere à inadimplência. Mais importante que isso, reiteramos a visão de que o impulso monetário usado para combater os efeitos da pandemia na atividade econômica tem só um canal de condução: os bancos. É verdade que os juros baixos atuais podem fomentar mais competição no setor bancário, o que levanta dúvidas sobre a rentabilidade de se vender crédito no país no futúro. Porém, nos parece um exagero imaginar que isso será condição permanente para um país com algum risco fiscal ainda pairando, e mesmo que fosse, não podemos desconsiderar que juros menores também reduzem a taxa de desconto aplicada à fluxos de caixa do futúro. O modelo de Gordon, tradicionalmente usado para avaliar os múltiplos justos para empresas, indica que mesmo se o retorno sobre patrimônio (ROE) do setor bancário cair dos ~20% que o setor entregava antes da pandemia para ~15%, os bancos ainda deveriam negociar a múltiplos acima de 2x patrimônio líquido. Hoje temos Bradesco e Itaú negociando entre 1,2x e 1,6x, um desconto excessivo mesmo para quem espera retornos menores para o setor bancário à frente.

Os outros destaques negativos do mês foram o dólar (citado acima) e as ações das empresas Trisul e Magazine Luiza. A Trisul é uma incorporadora, dependente de um bom ambiente de renda e crédito para fomentar seus negócios. O risco fiscal debatido em agosto gerou receios para a sustentabilidade dos juros baixos no Brasil, causando a queda das ações.

A Magazine Luiza, posição vendida a descoberto, se beneficiou do mesmo otimismo que pegou a Via-Varejo (acima).


Maiores perdas de agosto

Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.