Resultado Mensal (Março/23)

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Março foi um mês movimentado para o noticiário econômico mundial e brasileiro. Lá fora o principal assunto foi a “mini” crise bancária que atingiu bancos como Silicon Valley Bank, First Signature Bank (ambos americanos) e o banco suiço Credit Suisse. Os dois primeiros quebraram de fato, tendo seus ativos assumidos pelo fundo garantidor de crédito americano (FDIC). O Credit Suisse foi vendido ao competidor UBS. As notícias trouxeram lembranças da crise financeira de 2008, iniciada pela falência do banco Lehman Brothers e que rapidamente espalhou pelo sistema financeiro mundial, causando profunda recessão nas principais economias do mundo. Dessa vez, o problema não se tornou sistêmico. Nesse sentido, o episódio na verdade foi positivo para ativos de risco sem ligação direta aos bancos problemáticos. O S&P 500 subiu +3,5% no mês. O Bitcoin, ativo notoriamente “descentralizado” do sistema financeiro tradicional e portanto desligado dos riscos de solvência e liquidez do sistema bancário, subiu +23,1%. O motivo principal da reação positiva desses mercados foi a queda dos juros americanos. A taxa de juros nos títulos de 10 anos americanos caiu de 3,92% no final de fevereiro para 3,56% ao final de março. No fundo, a crise bancária serviu para arrefecer as expectativas para a inflação, principal desafio econômico do mundo desde o início da pandemia de covid-19. O preço do petróleo Brent (referência Europa) caiu de $83,5/barril no final de fevereiro para $79,9/barril no final de março, refletindo justamente esse fenômeno de expectativas mais fracas para a atividade econômica/inflação pós mini crise bancária americana. Essa queda de expectativas para inflação e portanto os juros foi o que sustentou ativos “não-bancários” no mês.

Aqui no Brasil a curva DI também se beneficiou desse movimento, influenciada em paralelo pelo avanço do novo arcabouço fiscal, cujas principais diretrizes foram divulgadas pelo Ministério da Fazenda em 30/03. Os juros prefixados com vencimento em 3 anos caíram ~80bps em março. Tudo mais constante, essa queda de juros seria razoavelmente positiva para a bolsa de valores brasileira. Mesmo assim, o Ibovespa caiu -2,9%, impactado negativamente por empresas de commodities, especialmente as petroleiras. Além da queda do petróleo no mês, essas ações foram impactadas pela criação pelo governo federal de um imposto sobre exportação de petróleo de 9,2%. Outro tema importante para as ações brasileiras foi a temporada de resultados referente ao 4º trimestre de 2022. Em geral foi um trimestre de resultados fracos para as empresas brasileiras, muitas ainda com pressões de custo advindas do cenário de inflação atual e sofrendo em especial por conta das maiores despesas com serviço de dívida após a forte alta da taxa SELIC nos últimos meses. Por último, vale citar que apesar do novo arcabouço fiscal estar na direção correta no que tange à metas de resultados primários do governo nos próximos anos, há um consenso de que a carga tributária terá de aumentar para garantir a entrega dessas metas. Em nossa visão, os sinais do mercado sobre o balanço líquido de tudo isso é que as empresas brasileiras terão de pagar mais impostos para eventualmente pagar menos juros, sem muita clareza sobre ambos. Na falta de clareza, o mercado ampliou os prêmios de risco na bolsa.

Na Versa, os fundos long-biased foram negativamente impactados por esse balanço geral. O Fundo Versa caiu -8,7% e o fundo Versa Fit caiu -10,4%, impactados principalmente por perdas nas posições em Multilaser, o hedge no S&P, BR Partners e Blau. As perdas nessas posições foram maiores que os ganhos nas posições em Taurus, Neoenergia e Vittia. Pelos mesmos motivos, o Versa Institucional FIA caiu -4,1%, queda essa que foi superior à queda do benchmark Ibovespa (-2,9%). A notícia positiva do mês veio do fundo Versa Tracker, que enfim se beneficiou da queda da curva DI e subiu +14,6% no mês.

Como a Versa está posicionada agora?

Mantemos os fundos comprados em ativos domésticos por acreditarmos que ainda há espaço para redução dos juros brasileiros conforme o mundo atravessa esse período de pressões ligadas à inflação e juros. Entendemos também que há um esforço do atual governo em resolver, mesmo que minimamente, o problema do risco fiscal. Ainda não está claro o tamanho da conta tributária com que o empresariado terá de arcar para garantir isso, o que aumenta a incerteza. Mas se daqui um ano tivermos globalmente menos pressão inflacionária e portanto menos juros, além de menos prêmio de risco na curva devido ao novo arcabouço fiscal, ainda é possível que o impacto líquido seja positivo para o valuation das empresas na bolsa de valores. Em resumo: ainda há uma tese de desinflação mundial em curso que, ao final, pode nos permitir juros menores independente do novo arcabouço fiscal do governo, e isso pode ser positivo para a bolsa. Seria melhor se fosse acompanhada por um ajuste fiscal que não viesse com aumentos de tributos? Seria. Mas conhecendo o Brasil e seu histórico com fiscal, esperar isso talvez seria esperar demais.

Versa x Versa Fit: por que estão tão parecidos?

Recentemente chamamos uma assembleia dos cotistas do Versa, solicitando aprovação da fusão dos fundos Versa e Fit. Iremos abordar em breve em nosso blog os motivos por trás desse movimento, que apesar de ainda não concluído já está de certa forma refletido nas cotas dos fundos desde meados de fevereiro. O que aconteceu é que reduzimos o risco do Versa para que ele se iguale ao risco (menor) do Fit. É por isso que as cotas de ambos fundos estão com movimento parecido, o que não acontecia no passado, quando o Versa ainda tinha o dobro do risco do Fit. Pedimos que os cotistas aguardem mais detalhes em comunicação futura sobre essa decisão.

Mais detalhes sobre o resultado do mês nas tabelas abaixo.

Agradecemos a confiança depositada.

Atenciosamente,

Equipe Versa

Resultado dos fundos

Atribuição de Performance

Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.